domingo, 5 de julho de 2009

Pequeno drama domestico

Hoje vivi um pequeno drama domestico com desfecho aparentemente feliz.
Aproveitei a manha de domingo para colocar leituras em dia. Estava no quarto quando a indonésia que me hospeda me chamou, assustada, dizendo que tinha um gato no jardim que tinha perdido uma perna. O marido, um portugues, tinha saído e ela julgou que eu fosse mais habilidosa para administrar a situação. Ela colocava a mão no rosto como quem tem medo do que esta para ser visto. Fui ate o gato e, de fato, so pude enxergar nele três patas. O bicho esforçava-se em vão para sair do lugar e emitia sons de agonia. Eu passei cinco minutos ate ter coragem de retira-lo da poça de água em que estava caído. Quando, enfim, movi-o ate a grama, percebi que ele tinha todas as pernas, mas não era capaz de movimenta-las. Nesta altura, a indonésia, aliviada de não ver uma perna amputada de gato na porta de casa, voltou para dentro de casa e me deixou a especular sozinha sobre o que poderia ter acontecido e sobre o que poderia ser feito para ajudar o bicho agonizante. Eu decidi que o levaria ao veterinário por minha própria conta, pois entendi que ali não haveria solidariedade com a condição do animal em sofrimento. Imaginei, entretanto, que não seria trivial encontrar um veterinário em Dili num domingo. Imaginei, ainda, que a própria idéia de um veterinário na cidade talvez fosse excêntrica. De todo modo, eu tinha que fazer alguma coisa. Entrei em casa e perguntei a ela se sabia onde eu podia encontrar um veterinário. Nos nos comunicamos em inglês e, as vezes, eu tenho dificuldade de compreende-la. Mas dessa vez foi ela quem não me entendia. Eu repeti algumas vezes ate que resolvi improvisar um sinônimo e disse: "a doctor who takes care of animals". Ela não conteve uma gargalhada e foi so então que entendi que ela sequer conhecia o conceito de veterinário. Em um pais que sediou o massacre de tanta gente, os bichos tem mesmo um status rebaixado. Frustrada, voltei para o meu objeto de agonia e tentei alimenta-lo, o que foi impossivel. Decidi esperar o marido chegar porque estava convencida de que, numa cidade com tantos “internacionais”, algum veterinário haveria de existir. Voltei para dentro e tentei retomar os estudos, ouvindo, ao longe, o ruído de sofrimento do gato. Perdi a concentração por toda a manha a espera de conseguir produzir alguma solução para o caso. Imaginei que o gato teria que ser sacrificado e que, se dependesse dos locais, ele definharia ate a morte. Eu ao menos teria que providenciar esse alivio para o seu tormento e providenciar uma morte mais digna. Quando ouvi o barulho do carro do português chegando, sai de um pulo para investigar sobre o veterinário. Foi então que me deparei, no jardim, com o gato já dando seus primeiros passos desajeitados. Em cinco minutos ele percorreu todo o jardim, embora trôpego, e o português, após ouvir toda a minha narrativa do evento, olhava como se eu fosse louca.

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